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sexta-feira, 1 de abril de 2011

História do Automóvel

História do automóvel

Do final do século 18 até hoje, conheça a trajetória - e curiosidades! - deste invento espetacular
por Equipe Bolsa de Mulher em 1 de abril de 2011 | 00:01
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Carro não é mais só um meio de transporte. É sinônimo de status, beleza, sofisticação, quase uma extensão da própria casa. Não são raros os casos de mulheres que transportam em seus automóveis um guarda-roupa de emergência ou um kit de maquiagem pensando nos imprevistos. Para levar os filhos ao colégio com segurança, por exemplo, eles são necessidade. Dirigir passou a ser um prazer e um símbolo da independência da mulher moderna.
Por isso, o Bolsa de Mulher ouviu especialistas, apaixonados e estudiosos do tema e vai contar uma breve história dessa paixão sobre quatro rodas.
Carroça a motor
A história do carro que conhecemos hoje passa pelos experimentos da carroça sem a necessidade de tração animal. Já no final do século XVIII, na França, o engenheiro francês Nicolas-Joseph Cugnot elaborou o primeiro motor, movido a vapor. Uma carroça com um motor a vapor acoplado tinha como objetivo transportar os pesados canhões do exército francês. Em 1770, Cugnot elaborou o veículo que andava com velocidade de 4 km/h e capacidade de carregar 4 toneladas.
A Carroça de Cugnot, como ficou conhecida, foi utilizada apenas uma vez, e o experimento passou por aprimoramentos. No entanto, um acidente contra uma parede de tijolos fez com que o invento caísse no descrédito. “Ele ainda não tinha inventado o freio”, brinca o jornalista especializado em automóveis José Rezende, o Mahar, integrante do Automóvel Clube do Brasil. Hoje, a invenção se encontra disponível para exposição no Conservatoire National des Arts et Métiers, em Paris.
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Motor a quatro tempos a gasolina
O motor como conhecemos hoje em dia segue o mesmo modelo criado pelo alemão Nikolaus Otto, em 1876. O invento se divide em quatro ciclos: a admissão, a compressão pelo cilindro, a combustão e a exaustão, gerando a força motriz que faz o carro andar. “A finalidade inicial era utilizá-lo para abastecer as maquinas de tecelagem, com velocidade única e contínua”, conta Tiago Songa, jornalista especializado e integrante da Federação Brasileira de Veículos Antigos.
Na mesma fábrica de Otto, dois engenheiros alemães resolveram tentar adaptar o motor às carroças para ter um automóvel. Um deles, Gottlieb Daimler, junto com seu parceiro Wilhelm Maybach, conseguiu reproduzir os experimentos e lançou em 1886 o primeiro veículo automóvel, ou seja, independente de tração animal, com três rodas e movido a gás.
A dupla também produziu a primeira motocicleta, em 1885. Na mesma Alemanha do final do século XIX, o engenheiro alemão Karl Benz, considerado o pai do automóvel moderno, construía, em 29 de Janeiro de 1886, o primeiro modelo. Benz foi pioneiro também em lançar o veículo com quatro rodas, e sua empresa, a Benz & Cia, foi a principal vendedora da tecnologia no início do século XX.
Surgimento da indústria
Os carros do início do século XX ainda não tinham conquistado o gosto popular. Além de lentos e muito barulhentos, os veículos custavam muito e as cidades ainda não estavam adaptadas para recebê-los. Somente a alta sociedade tinha acesso à tecnologia, sobretudo na Europa e nos EUA, nas cidades que tinham fábricas. E os produtos eram fabricados quase que por encomenda.
A grande mudança aconteceu por volta de 1913, após o empresário americano Henry Ford transformar a produção da sua fábrica com a utilização de uma esteira rolante, promovendo uma produção mais rápida e econômica. “A ideia de Ford era popularizar o automóvel para que o próprio operário que o construísse fosse capaz de comprá-lo”, considera Mahar. Sua fábrica passou a produzir um carro a cada 15 minutos, e seu Ford modelo T foi o carro mais vendido durante mais de 50 anos.
carro-cadillac-msnModelos e designs
Já popular e acessível, o carro agora era um artigo comum. O Ford modelo T, por exemplo, para manter a grande produção, só era comercializado na cor “Preto Japonês”, que secava mais rápido. Com a tecnologia estabelecida no mercado, os designs começaram a se tornar o diferencial para atrair os consumidores, e a propaganda começou a fazer parte do cotidiano da indústria.
Songa conta que já no início da década de 1920, nos EUA, existiam os primeiros movimentos para estimular a vaidade dos consumidores dos veículos. “Existia uma propaganda que dizia: ‘Pachard. Pergunte para o homem que tem um’. Era o começo de um estímulo de compra e de vaidade”, aponta. Nessa época, a figura feminina já começa a aparecer nas propagandas, porém, sempre como companheira do homem.
Após as guerras mundiais, segundo Songa, os veículos passaram a se tornar símbolos nacionais e seus designs eram pensados para promover a imagem do país no mundo, com o avanço das comunicações, principalmente TV e cinema. A propaganda se massificou e as empresas investiram muito em imagem. “Foi a época da ostentação, principalmente nos EUA. A linha dos modelos Cadillac ‘rabo-de-peixe’ representava a era de reconhecimento americano como a maior potência do mundo, esbajando luxo e requinte”, diz. Enquanto isso, na Europa arrasada pela guerra, as fábricas inovavam com modelos menores e mais simplórios para abastecer as economias.
Moda nos automóveis
Falou em design, as tendências da moda entraram em cena. A partir de uma valorização da estética como forma de venda, as cores, os formatos e os estilos passaram a ser atributos importantes no momento de conceber um carro. “Já nos anos 30, a francesa Citroën doava seus principais carros para os artistas desfilarem por Paris, pensando na questão do marketing associado”, aponta Songa.
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Na opinião de Mahar, a demanda pela estética passou a fazer parte da concepção do automóvel. “O interior do carro é puramente moda. Bancos, acabamento, estofamento, tudo é pensado com o objetivo de atender uma demanda puramente estética”, explica. Os veículos passaram a ser pensados para alcançar públicos segmentados. “No início os modelos eram dedicados à família. Grandes, espaçosos, ótimos para viajar e com uma propaganda voltada para o coletivo. Mas a vaidade que envolve o automóvel, sobretudo no homem, é muito grande”, acredita.
Os estilistas de carro passaram a se inspirar nos designers de grifes internacionais, que com o passar dos anos passaram a fazer parcerias com montadoras . Os traços de Yves Saint Laurent já passaram por projetos de quatro rodas. No Brasil, o renomado Ocimar Versolato assinou o design interno do modelo C3 da francesa Citroën, em 2004, com o slogan “Vista esse carro”, numa clara referência ao mundo das passarelas. “Todas essas parcerias agregam um pouco de etiqueta ao automóvel. É igual a roupa”, compara Songa.
O carro personalizado
A paixão por veículos e por sua estampa fez com que eles fossem pensados para um único dono e não mais para a família. O conceito de carro personalizado foi lançado já em 1964, nos EUA, com o Ford Mustang, que em iniciativa inovadora permitia ao comprador escolher diversos acessórios, como rodas, modelo de direção. “Foi o maior sucesso de vendas da Ford depois do modelo T. Só no primeiro dia venderam-se 22 mil exemplares”, conta.
Inovações como direção hidráulica, vidros e travas elétricas acabaram por facilitar a direção e, assim, atraíram o interesse da mulher. Uma curiosidade: “O câmbio automático, por exemplo, foi um projeto inicial do brasileiro José Brás de Araripe, nos anos 30. Mas só foi implantado mais tarde pela GM, que comprou o projeto”, conta Mahar.
carro-mini-msnCarros para a mulher moderna
Atualmente, as mulheres são o principal alvo das montadoras, não à toa os carros se tornam cada vez mais femininos. A engenharia do carro, cita Mahar, é pensada para que os esforços sejam compatíveis com a força de uma mulher de 50kg. Outro dado interessante é que cerca de 60% das vendas atualmente são feitas a mulheres. “E ai do homem que comprar um carro sem consultar a sua companheira”, brinca ele.
Hit entre elas são supercompactos como os modelos Picanto, da sul-coreana Kia; o Cooper, da inglesa Mini; e o Fiat 500. “Simples de dirigir, valentes para guiar, ágeis para a cidade, os supercompactos respondem plenamente a demanda das mulheres jovens, urbanas e independentes”, diz Mahar.
CURIOSIDADES
Bertha Benz, uma mulher de vanguarda
Toda a história hoje poderia ser diferente se não existisse a ousadíssima Bertha Benz. Mulher do pai do automóvel moderno, Bertha deveria ser considerada a mãe do invento. Tudo isso porque, em 1886, quando o seu marido Karl Benz inventou o primeiro carro, ela resolveu pegar o experimento e fazer uma viagem escondida com os filhos à casa de sua mãe. “Acredita-se que Bertha queria provar ao marido, que andava descrente de sua invenção, o poder e a autonomia do veículo”, explica Mahar.
Bertha percorreu uma distância de aproximadamente 60 km sem nenhum acidente e, em seguida, Karl patenteou o automóvel.  “Ela teve um papel preponderante na aceitação social e política do carro na Alemanha do século XIX”, conta Mahar.
O primeiro ‘barbeiro’ brasileiro
Artigo de luxo nos centros urbanos europeus, o carro chegou ao Brasil através de um jovem, mas engana-se quem pensa que era algum bonitão querendo tirar vantagem da tecnologia, avisa Songa. Em 1891, o jovem Santos Dumont retornava da França trazendo consigo o automóvel, com o objetivo de estudar a sua mecânica.
O segundo exemplar foi trazido pelo também célebre José do Patrocínio, mas teve um fim trágico. Patrocínio dirigia pela antiga Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando emprestou o veículo ao seu amigo e poeta Olavo Bilac. O jovem, desacostumado com o veículo, não conseguiu controlá-lo em uma descida. O carro saiu da pista, os tripulantes pularam e o veículo foi parar em uma árvore. Foi o primeiro acidente automobilístico de que se tem notícia no país. “Foi o primeiro barbeiro do país”, brinca Songa.

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