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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Projeto pretende viabilizar uso de biodiesel puro como combustível



Um projeto de lei que pretende permitir o uso de biodiesel puro (B100) como combustível para veículos de passeio e de carga leve (até três toneladas) deve entrar na pauta da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados no início de agosto. O relator do projeto nº 3.029/11, deputado Dimas Fabiano (PP-MG), vai entregar seu parecer após o recesso parlamentar, e sua inclinação em relação à proposta não foi divulgado.

Apresentado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o PL defende que o País seja exemplo na utilização do biodiesel em larga escala, uma vez que a medida ajudaria na conservação ambiental. Segundo o engenheiro agrônomo Mauro Osaki, pesquisador da área de grãos do Centro de Pesquisas Econômicas (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o uso do biodiesel, ainda, contribuiria para a redução de emissão de gás carbônico.

Uso é possível tecnicamente

O engenheiro mecânico Thomas Renatus Fendel diz que, tecnicamente, é possível utilizar biodiesel puro como combustível. Porém, o processo de transesterificação, que torna o óleo vegetal em biodiesel, consiste na adição de produtos químicos que podem diminuir a durabilidade do motor. "O óleo vegetal seria muito melhor", opina Fendel. As possibilidades, segundo o engenheiro, seriam misturar cerca de 20% do óleo ao diesel, ou ainda utilizar o combustível como matéria-prima única para a movimentação dos veículos, com a instalação de kits de adaptação.

No Brasil, a principal matéria-prima utilizada para a formulação do biodiesel é a soja, embora outros produtos possam ser empregados para o mesmo fim, como milho, sebo animal, óleo de dendê e de canola. A desvantagem, na avaliação de Osaki, está no fato de que essa matriz energética se torna dependente do clima. "Se ocorre uma seca, não vai ter matéria-prima. Assim, como eu posso garantir a oferta?", questiona o pesquisador, mencionando as mudanças climáticas que vêm interferindo na produção agrícola no País. Além disso, ele aponta que o custo-benefício é muito baixo, já que o preço dos alimentos está sujeito à disponibilidade no mercado. "Acho um pouco perigoso produzir biocombustível a partir de alimento. O valor da soja, por exemplo, está alto. Tem que ver se a sociedade está disposta a pagar", critica. O pesquisador aposta em alternativas que priorizem a energia eólica ou solar como fonte, que seriam mais vantajosas e fáceis de controlar.


Fonte: Cartola - Agência de Conteúdo / Especial para o Terra

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